Marcos Decliê
Acordei quando
a manhã se vestia de luz para receber o dia. O sol, espreguiçando-se por detrás
das nuvens, derramava seus raios mornos pela terra.
Abrindo a
janela, senti uma grande alegria e desejei orar ao Criador de todas as coisas,
ao Pai de todos nós. Queria dizer tantas coisas!
Mas como se
pode, sendo tão pequeno, dizer coisas grandiosas a quem é tão onipotente?
Desejei
abraçar o dia e servir, fazer algo útil, bom, especial.
Como se pode
agradecer ao pai generoso por tantas
dádivas senão buscando se tornar um
servidor para as suas criaturas?
Entre a
timidez e a emoção, com o coração a cantar em descompasso no peito, comecei:
Meu Deus e meu
Senhor. Eu gostaria tanto de poder colaborar contigo. Eu gostaria de ser um
jardim de flores, de todas as cores, para embelezar a terra.
Mas, na
pobreza que minha alma encerra se não puder ser um jardim, deixa-me ser uma
rosa solitária, em uma fenda da rocha, colocando beleza no painel nobre da
natureza.
Eu gostaria de
ser um canteiro perfumado, aonde as abelhas viessem colher o néctar, para
produzir o mel que alimentaria bocas infantis.
Eu gostaria de
ser um trigal maduro, para colocar pão na mesa da humanidade. Mas, é demais
para mim.
Como não
poderei ser uma seara, ajuda-me a ser o grão, que caindo no chão, se
multiplique num milhão. E me transforme em pão para os meus irmãos.
Eu gostaria de
ser um pomar de frutos maduros para acabar com a fome. Mas na pobreza que me
consome, te venho pedir para ser uma árvore desgalhada, projetando sombra na
estrada. Talvez alguém, em passando de mansinho, por esse caminho possa me
dizer “olá”. E respondendo, eu estenda a mão e me ofereça: ”sou teu irmão, sou
teu amigo.”
Eu gostaria de
ser como uma chuva generosa, que caísse na terra porosa e reverdecesse o chão.
Mas, como não conseguirei, então, te pedirei para ser um copo de água fria que
mate a sede de quem anda na desesperação.
Eu gostaria de
ser um riacho que descesse a encosta da montanha cantando, por entre as pedras,
ofertando linfa refrescante às árvores que protegem o solo.
Meu Deus! Eu
gostaria de ser como a Via-Láctea de estrelas para que as noites da Terra
fossem mais belas e a dor debandasse, na busca de um novo dia.
Mas, na minha
pequenez, sem conseguir, te quero pedir para ser um pirilampo na noite escura,
iluminando a amargura de quem anda na solidão.
Eu gostaria de
ser um poeta, um artista, um trovador. Quem sabe um cantor, um esteta, orador
para falar da magia e da beleza da tua glória.
Mas, como eu
quase nada sou, como me falta o verbo, a mestria, então, eu te peço, Senhor,
para ser o companheiro da criatura deserdada.
Deixa-me
caminhar pela estrada e estender a mão a quem anda solitário e triste. Deixa-me
ser-lhe a mão de sustento e lhe dizer: “sou teu irmão, estou contigo. Vem
comigo.”
***
Agradece a
Deus a tua existência.
Exalta Lhe o
amor por meio dos deveres retamente cumpridos.
Louva-O,
sendo-Lhe um servidor devotado e fiel.
Apresenta-O
para a humanidade, tornando-te exemplo de amigo e irmão em todas as
circunstâncias.
Equipe de
Redação do Momento Espírita com base no cap. 12 do livro Divaldo franco e o
jovem, compilação de Délcio Carlos Carvalho, ed. Leal e cap. 200 do livro Vida
feliz, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,
ed. Leal.
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