Crês na magia dos antigos sonhos, na alegria ágil dos dias passados, nos sorrisos que nasciam fáceis, nas ilusões que coloriam a luz de cada amanhecer...
Julgas que viverás tudo isso uma outra vez!
Sei que vasculhaste a imensidão do céu na tentativa de colher buquês de estrelas pequeninas, recitaste os salmos perfumados no teu rosário de pétalas delicadas, estendeste o teu olhar qual alameda enfeitada de esperanças, presságios, desejos...
Ah, meu coração!
Como dizer a ti que nada disso te será possível?
Como explicar que há um tempo sem tempo, onde nada mais será vivido?
Como aceitar que o que ficou para trás já se encontra trancado num mundo distante que se fez perdido?
Deves vislumbrar o que passou como um rastro cintilante deixado pelo orvalho nas manhãs vaporosas, como a breve visão de um arco-íris quase desfeito na bruma do entardecer, como os lampejos das calmarias que tingem os céus e depois desaparecem no ar, silenciosamente...
É chegada a hora de entender que é preciso viver reinventando cada momento, brincando de seguir adiante sem contar os passos, abandonando a bagagem sem temores desnecessários, pois tudo passa: desde o sonho à lágrima, enquanto viramos páginas em branco nas quais serão registrados nossos dias...
http://www.meninadalua.com.br/prosa/cronica_para_um_coracao.asp
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